terça-feira, fevereiro 26, 2008

Águas



Por vezes invoco águas que não são minhas,
mas delas não beberei, mesmo no pó.
Apenas o seu rumor,
que é a íntima voz duma eterna deriva,
ou a solidão das margens, erguidas ao alto,
me mata a sede.

São ardor discreto de sol nos seixos,
tremor de freixos,
esplendor secreto.

Manuel Filipe

Porque por vezes é demasiada a sede. E a urgência de frescura escorrendo nas mãos.




Actualização.

sexta-feira, fevereiro 22, 2008

Aguarela


a casa é uma aguarela
no clarão do crepúsculo


a casa e eu dentro dela
vagando na calma grande
de não estar à tua espera


Soledade Santos


[Actualização do post dos agradecimentos. Obrigada, Ad astra e Sam.]

terça-feira, fevereiro 19, 2008

Música, músicas...

A onda das cadeias está a passar (outra vez) pelos blogues. Esta é sobre um tema interessante: música. Mais precisamente "seis músicas que na minha juventude me tenham feito abanar o capacete". Eu gosto de música, por isso agradeço à Gi e à Mateso o desafio. Sempre gostei de "abanar o capacete" mas prefiro falar de músicos que, para mim, são referências eternas. E vão ser mais que seis...

Então vamos lá:

- Os portugueses:

José Afonso
Sérgio Godinho
Xutos e Pontapés

- Os brasileiros:

Chico Buarque
Maria Bethânia
Caetano Veloso
Elis Regina, a eterna

- Os de todo o mundo:

Simon e Garfunkel
Queen
Pink Floyd
Carlos Santana
Miles Davis
Jacques Brel, o meu ídolo maior.

E, deste último, deixo , para todos os que por aqui passam, a sua mais emblemática canção.




Jacques Brel, Ne me quitte pas

sexta-feira, fevereiro 15, 2008

Auto-retrato




Metade frágil, metade prepotente.
Metade competente, metade insegura.
Metade segura, metade hesitante.
Metade divertida, metade melancólica.
Metade sol, metade lua.
Metade verso, metade reverso.
Metade do rosto. Metade da alma.
A outra metade perde-se no labirinto de mim própria, nos esconderijos que cavo dentro de mim, como grutas concêntricas nas quais ninguém penetra. Nem eu.



"A outra metade",Setembro 2006


Sabes que não sou bem eu
perdida no nevoeiro.
Sou alguém que em si se dobra
desdobra
em camadas
pedaços do corpo inteiro.
Não sou eu
num todo exacto
quem hesita no caminho
como se em labirinto
fosse ele transformado.
É alguém a mim ligado
sem fio
nem arame de equilíbrio.
Talvez alguém desterrado
do seu país sentimento
ou só alguém deslocado
naquele dia
naquele momento.

Volto, sim
invento o sol
que me aquece os sentidos
e nos reflexos de mim
colo pedaços perdidos.

"País sentimento", Janeiro 2007



[A Ana Sofia desafiou-me para qualquer coisa como resumir a minha vida. A minha vida é algo muito desinteressante para contar aqui. Mas podem ficar com duas coisas que escrevi sobre mim... E não passo esta "maldade" :-) a ninguém. Mas podem levar a ideia, se quiserem.]

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Não tenhas medo


Não tenhas medo do amor. Pousa a tua mão
devagar sobre o peito da terra e sente respirar
no seu seio os nomes das coisas que ali estão a
crescer: o linho e genciana; as ervilhas-de-cheiro
e as campainhas azuis; a menta perfumada para
as infusões do verão e a teia de raízes de um
pequeno loureiro que se organiza como uma rede
de veias na confusão de um corpo. A vida nunca
foi só Inverno, nunca foi só bruma e desamparo.
Se bem que chova ainda, não te importes: pousa a
tua mão devagar sobre o teu peito e ouve o clamor
da tempestade que faz ruir os muros: explode no
teu coração um amor-perfeito, será doce o seu
pólen na corola de um beijo, não tenhas medo,
hão-de pedir-to quando chegar a primavera.

Maria do Rosário Pedreira



Eu não tenho medo. Escuto o coração da terra. Tu tens?

domingo, fevereiro 10, 2008

Tenho que agradecer

...à Gi que atribuiu a este blog o selo do Blog com Boas Energias




à Nuvem que deu ao "Na dualidade da cor" o prémio




à A vida e à Ad astra que acham que



à Ana Sofia e ao Sam que dizem que



e, novamente ao Sam que deu ao Na dualidade da cor o prémio da amizade virtual



A todos estes blogs agradeço do coração e peço mil desculpas por não continuar as cadeias. Seria impossível escolher. Todos os que aqui passam são tudo isto e muito mais. Para todos vão estes prémios e o meu obrigada.

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

sem ser...

As árvores no parque

A relva
Cada vez mais verde

A tua voz
Ontem

Alberto de Lacerda


e o desejo de ser sombra. sobre a cor. do silêncio.