terça-feira, maio 06, 2008

Pretextos para fugir do real


A uma luz perigosa como água
De sonho e assalto
Subindo ao teu corpo real
Recordo-te
E és a mesma
Ternura quase impossível
De suportar
Por isso fecho os olhos
(O amor faz-me recuperar incessantemente o poder da
provocação. É assim que te faço arder triunfalmente
onde e quando quero. Basta-me fechar os olhos)
Por isso fecho os olhos
E convido a noite para a minha cama
Convido-a a tornar-se tocante
Familiar concreta
Como um corpo decifrado de mulher
E sob a forma desejada
A noite deita-se comigo
E é a tua ausência
Nua nos meus braços


Experimento um grito
Contra o teu silêncio
Experimento um silêncio
Entro e saio
De mãos pálidas nos bolsos


Alexandre O'Neill

19 comentários:

R. Sant'Anna disse...

Belo poema

=*

Lyra disse...

Olá,

Venho pedir desculpas por não vir cá há tanto tempo, mas a verdade é que o meu filhote esteve doente e, como estive com ele em casa, o trabalho acumulou e agora o tempo é escasso.

Hoje apenas venho agradecer a tua amizade e simpatia e dizer que voltarei brevemente, com mais tempo, para pôr a merecida leitura do teu blog em dia, sim?

Beijinhos e até breve.

;O)

Pandora disse...

Boa escolha d poema...e a imagem faz-nos parar ...
beijinhos...

bettips disse...

Um poema de ausência, de vazio, de corpo desejado/perdido e no entanto tão belo e sensual.
(quando os olhos de cidade são ausências, vazios, corpos desejados ou perdidos, são o contrário dos poemas. Felizmente há as estátuas, as flores, o irreal desconhecido, a pegada da memória...esse poema que procuro em nada. E o que digo é quase privado, como o poeta).
Beijinhos

Laura Ferreira disse...

sem dúvida um dos meus preferidos...

Rui Caetano disse...

Um poema que nos enleva we nos envolve. Gostei.

FERNANDINHA & POEMAS disse...

Olá querida Maria Laura, lindo poema... Belíssima escolha, a foto está um encanto!!!
Beijinos de carinho,
Fernandinha

Manuel Veiga disse...

poema de dorido. um pouco nocturno. tonalidades que o raiar do dia terão nova cor. certamente.

poema muito belo. num registo fora do habitual (julgo) de Alexander O´ Neill...

jorge esteves disse...

É sempre um prazer (re)ler Alexandre; e devemos agradecer por isso!...
Obrigado!

abraços!

Mar Arável disse...

Belo

O'Neill cansado do dia

envolto de silêncios

e desejos

Mateso disse...

Tem um pequeno desafio no meu canto.
Bj.

~pi disse...

silêncio nu

em pare dado ~

Auréola Branca disse...

Maria, tu tens o poder da dominação. Isso é muito bom!
Adorei ler-te.

Anônimo disse...

a realidade às vezes assusta, mas enfrentá-la é ser real. poema denso, humano e belíssimo. abraços.

Deusa Odoyá disse...

Minha querida amiga mais que belo poema!

E ele diz muito, muito messto, adorei!

Linkei seus blogs ao meu.

bjinhos
Deusa Odoya

Luna disse...

Quando fechamos os olhos e sentimos
Podemos transformar a ilusão em real
beijinhos

un dress disse...

beijO ( com vida...


belo poema ~

ROSASIVENTOS disse...

que queres que conte?

que o final de tarde sou eu sentado sózinho no relvado incomum
a perder de vista
que o final de tarde sou eu sentado sózinho na sala profunda de onde a flautista saiu a chorar
e:

Oliver Pickwick disse...

"...E é a tua ausência
Nua nos meus braços..."

Somente aos poetas o nonsense faz-se natural.
Um beijo!

P.S.: Tiraste esta foto na cidade do Hulk, não foi? ;)