
Nas manhãs de Inverno
o homem transpunha a porta
e, sob a asa negra do guarda-chuva,
transportava a solidão.
No comboio,
ela entrava de roldão
e em cada rosto se estampava;
no trabalho,
por onde passeasse a sua vida morta,
a solidão medrava.
À noite, apenas regressado,
fechava a asa,
e deixava de novo a solidão
à solta,
pela casa.
o homem transpunha a porta
e, sob a asa negra do guarda-chuva,
transportava a solidão.
No comboio,
ela entrava de roldão
e em cada rosto se estampava;
no trabalho,
por onde passeasse a sua vida morta,
a solidão medrava.
À noite, apenas regressado,
fechava a asa,
e deixava de novo a solidão
à solta,
pela casa.
Manuel Filipe, in Nas Palmas da Noite