segunda-feira, julho 28, 2008

O guarda-chuva


Nas manhãs de Inverno
o homem transpunha a porta
e, sob a asa negra do guarda-chuva,
transportava a solidão.

No comboio,
ela entrava de roldão
e em cada rosto se estampava;
no trabalho,
por onde passeasse a sua vida morta,
a solidão medrava.

À noite, apenas regressado,
fechava a asa,
e deixava de novo a solidão
à solta,
pela casa.


Manuel Filipe, in Nas Palmas da Noite

13 comentários:

Germano Viana Xavier disse...

E a rotina do dia humano tão longo e tão desumano, por vezes.

Navega-se no interno do homem e não se muda a hora dos sentimentos.

Insistimos em sermos sempre o mesmo, negligenciado pelo tempo e pelo clima da hora.

Abraços, Maria.
Aparece...

Germano

Marinha de Allegue disse...

Canto nos acompanha o guarda-chuva...

Beijosss Maria Laura
:)

Manuel Veiga disse...

gruda-se na pele. por vezes. tal solidão...

beijos

Mar Arável disse...

pois.

não se podem fechar as asas

por vezes só

mas nunca isolado

Anônimo disse...

quee liindoo esse poemaa *-----*

taao perfeitoo xd
http://imensidadx3.blogspot.com/

Luna disse...

o guarda chuva lembra-me a tristeza do inverno
beijos

Nilson Barcelli disse...

A solidão é uma tipa de sorte. Anda tanta gente com ela debaixo do braço, dorme com ela e até se passeia com ela no meio da multidão..
Diria até que à solidão não falta companhia...

Gostei do poema, mas nao sei quem é o Manuel Filipe (ignorante que eu sou... ou não me lembro porque estou cheio de sono...).
Obrigado pela partilha.

Beijinhos.

~pi disse...

como um enorme

passaro...

[ onde estou nao usam acentos...:)




~

Teresa Durães disse...

a solidão como companhia

bettips disse...

Belo; a propósito; da solidão e da fotografia.
Bj

M. disse...

Belíssimo. Tudo! (Se calhar até a solidão o será, porque inspira quem dela sofre.)

Secreta disse...

A solidão , como única companhia.
Beijito.
Bom fim de semana.

nana disse...

que lindo, maria laura...


obrigada por (mais) esta partilha.





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