sábado, outubro 04, 2008
terça-feira, setembro 30, 2008
Lembra-te
sexta-feira, setembro 26, 2008
Mamma Mia!
segunda-feira, setembro 22, 2008
Porque em mim há sempre gaivotas

Do pensamento ao desejo
Que chegam em cada abraço,
Que partem em cada beijo,
Eu tenho sempre Gaivotas
Do pensamento ao desejo!
Eu trago sempre Gaivotas
Neste céu onde eu existo,
Gaivotas de dor profunda,
Dessa dor de que me visto,
Eu trago sempre Gaivotas
Neste céu onde eu existo!
Em mim há sempre Gaivotas
Em bandos, como pardais,
Gaivotas de Liberdade,
Morrem muitas, nascem mais;
Em mim há sempre Gaivotas,
Em bandos, como os pardais!
Que eu, tenho sempre Gaivotas
Do pensamento ao desejo,
Que partem em cada abraço,
Que chegam em cada beijo,
Que nascem no Coração,
Levantam voo da mente,
Gaivotas feitas futuro
E passado e presente,
Gaivotas de todo o Amor,
De sorriso, de partida,
Gaivotas feitas de morte,
De saudade e despedida;
Que ser Gaivota é ser forte,
É ser Livre para Amar,
É ser Livre de partir,
É ser Livre de chegar,
Livremente viajando
Nas vagas de cada olhar;
E, porque me perco no tempo
Por no tempo andar perdida,
Por isso é que há Gaivotas
Dentro de mim, por toda a VIDA!...
Maria Mamede, in Pelas Letras do Alfabeto
quarta-feira, setembro 17, 2008
Do sorriso

de quanto o teu sorriso me evoca a luz clara da alvorada?
de amarelos pintados nas fachadas do casario
mas a serena luz
clara e fria das manhãs
que nos sulca a face
com a claridade azul de uma lágrima
e abre o peito à vida remoçada
entenderás agora
porque me afasto de ti
o justo espaço
do receio
de não caber dentro de mim
tanta luz
tanta ansiedade
este temor de romper
a solidão que me conforta?
domingo, setembro 14, 2008
É

especialmente, os das sombras das esquinas,
e todos os nomes,
todas as sombras,
todas as esquinas,
quis conhecer.
Pensei conhecer as nuvens pelos nomes,
mas, fundamentalmente, o nome de cada esquina,
e todos os nomes,
todas as nuvens,
todas as esquinas,
quis conhecer.
Penso já conhecer as nuvens, pela sombra,
mas não, seguramente, as esquinas de cada nome.
Manuel Filipe in “ Nas palmas da noite”
quinta-feira, agosto 28, 2008
Faz-me o favor

Supor o que dirá
Tua boca velada
É ouvir-te já.
É ouvir-te melhor
Do que o dirias.
O que és não vem à flor
Das caras e dos dias.
Tu és melhor -- muito melhor!--
Do que tu.
Não digas nada. Sê
Alma do corpo nu
Que do espelho se vê.
Mário Cesariny
sábado, agosto 23, 2008
Explicação

e eu quero sempre mais do que vem nos milagres.
Deixo que a terra me sustente:
guardo o resto para mais tarde.
A antigos ventos dei as lágrimas que tinha.
A estrela sobe, a estrela desce...
- espero a minha própria vinda.
sem margens.
e alguém mata os personagens.)
segunda-feira, agosto 18, 2008
Fechei o sol

de paredes limpas, imaculadas e discreto,
mas, a toda a volta, cresceu um vazio preto.
A esta gloriosa exposição eu me submeto:
-Falo com os botões, em contra-luz, e olho o tecto,
até ficar farto.
A noite cai agora, mansamente.
Abro a porta ao vento livre, do deserto,
para que entrem sombras e silêncios insolentes.
Manuel Filipe
sexta-feira, agosto 01, 2008
Surdo, subterrâneo rio

me corre lento pelo corpo todo;
amor sem margens onde a lua rompe
e nimba de luar o próprio lodo.
Correr do tempo ou só rumor do frio
onde o amor se perde e a razão de amar
--- surdo, subterrâneo, impiedoso rio,
para onde vais, sem eu poder ficar?
Eugénio de Andrade
segunda-feira, julho 28, 2008
O guarda-chuva

o homem transpunha a porta
e, sob a asa negra do guarda-chuva,
transportava a solidão.
No comboio,
ela entrava de roldão
e em cada rosto se estampava;
no trabalho,
por onde passeasse a sua vida morta,
a solidão medrava.
À noite, apenas regressado,
fechava a asa,
e deixava de novo a solidão
à solta,
pela casa.
terça-feira, julho 22, 2008
Abrigo
quinta-feira, julho 17, 2008
Guarda a manhã
domingo, julho 13, 2008
Saudades

De coisas simples
Um bocado de corda p´ra saltar
Dois berlindes
Um aro de bicicleta e um ferro
Um carro de linhas, sabão, elástico
Um prego grande
Uma meia velha cheia de trapos
Um grão-de-bico um pedacinho de tecido
Um biscoito frito
O doce na côdea humedecida na boca
Uma fita vermelha no pescoço
Hoje tenho saudades dessas e doutras
Simples… simples coisas
Um cabelo entrançado em duas
Um bibe branco…a mala de cartão
O cheiro de borracha e tinta
O quadro de artista plástico
Num mata-borrão
E no papel dobrado em dois
As formas fabulosas dum borrão
Hoje as saudades crescem-me
Saudades de coisas simples
As coisas afinal que me deste…vida
O cheiro que a terra tinha então
O sabor diferente em cada fruto
Joelhos esfolados lambidos a cuspo
A cópia rigorosa da caligrafia
A caneta de aparo
O tinteiro de loiça no buraco
O beijo trocado no banco do quintal
A cama de ferro de lençóis de linho
A palha solta do colchão riscado
Aquela tarde que não acabava
O verde mais verde que havia num prado
Hoje, nem eu sei…
Ficou-me uma saudade…
Do mar que era de cheiro intenso
Das covas de areia até ficar tapado
A bicicleta com dois, três e quatro
E a lama…a terra suja no vestido
E o vento molhando de maresia
E a chuva trespassando a alma
E os rios que corriam devagar
E os rios sempre quase parados
Hoje, se continuo assim escrevendo
Hoje rebento de saudades
terça-feira, julho 08, 2008
Penélope
quarta-feira, julho 02, 2008
a carta

todas as notícias são possíveis;
todas as esperanças, legítimas
eu sou o destino
tu és o medo
eu sou a trincheira
tão densas são as palavras
tão dura é a verdade
que nos perdemos há tanto
na última cedilha
no último acento
sem sentido
chora o vazio
dor
é mesmo dor o que sinto
na encruzilhada
emaranhada e traiçoeira dos escritos
jorram os sons aflitos
da falta de rumo
dos ventos contrários
perdidos na sedução adiada
perdidos na sedução adiada
nesta tentação de não deitar contas à vida
nesta vocação desesperada para o pior de tudo
lembras-te da última carta?
estava vazia!
sei-o eu
sabe-lo tu
sabem-no todos os homens que se despenham
verticalmente
no fundo azul de um envelope distante
verticalmente
como quem se suicida impunemente
na sede do mar
que se sorve
adiada
em cada linha em branco deixada por escrever
sabe-lo tu
e sei-o eu
mas as linhas do teu corpo
só eu as leio
só eu as leio
Jorge Casimiro
sexta-feira, junho 27, 2008
desobrigação

de ser feliz na sexta-feira
à noite
de sair copo a copo
corpo a corpo
bar em bar
basta-me um pouco
de quietude de
silêncio
o balanço da cadeira
na penumbra da
varanda
(copo de vinho solo
de jazz quinteto de
mozart)
a noite azul qualquer
estrela alguma
lua
e a lembrança da tua
boca das tuas mãos
como arrepio
em minha pele.
Márcia Maia, in em queda livre
segunda-feira, junho 23, 2008
Não, não é cansaço...

É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar.
É um domingo às avessas
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo...
É eu estar existindo
E também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Como tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.
Álvaro de Campos
quarta-feira, junho 18, 2008
O mar
sexta-feira, junho 13, 2008
Fernando Pessoa : 120 anos

Devagar, porque não sei
Onde quero ir.
Há entre mim e os meus passos
Uma divergência instintiva.
Há entre quem sou e estou
Uma diferença de verbo
Que corresponde à realidade.
Devagar…
Sim, devagar…
Quero pensar no que quer dizer
Este devagar…
Talvez o mundo exterior tenha pressa demais.
Talvez a alma vulgar queira chegar mais cedo.
Talvez a impressão dos momentos seja muito próxima…
Talvez isto tudo…
Mas o que me preocupa é esta palavra devagar…
O que é que tem que ser devagar?
Se calhar é o universo…
A verdade manda Deus que se diga.
Mas ouviu alguém isso a Deus?
Álvaro de Campos
sexta-feira, junho 06, 2008
Cirque du Soleil - Alegría
Para me desculpar pela minha falta de assiduidade nos vossos blogs, deixo um mix do espectáculo Alegria do Cirque du Soleil. Alegria para todos vós! Volto lá para o fim da próxima semana.
segunda-feira, junho 02, 2008
eternidade

eternidade
dura
o
instante
em que
te abraço
assim
distante
ilusório
contorno
do espaço
não há
tempo
só
cansaço
mjm
[Saudades, baby...]
terça-feira, maio 27, 2008
Plateia

Um que só fosse, e já valia a pena.
Aqui, no mundo, alguém que se condena
A não ser conivente
Na farsa do presente
Posta em cena!
Não podemos mudar a hora da chegada,
Nem talvez a mais certa,
A da partida.
Mas podemos fazer a descoberta
Do que presta
E não presta
Nesta vida.
E o que não presta é isto, esta mentira
Quotidiana.
Esta comédia desumana
E triste,
Que cobre de soturna maldição
A própria indignação
Que lhe resiste.
Miguel Torga
quarta-feira, maio 21, 2008
Que quer dizer a mágoa sempre que se deixa

fazer sentir, quando se afasta depois
de ocupar os únicos sítios? O que quero
dizer fica menos veloz. A evitar o azul branco
do céu sobre mim, a visitar esta terra só
de inverno. Seria inútil começar agora
uma conversa mais explícita, talvez
sobre o ritmo exigente da cidade em que estás
ou sobre a actividade quase perfeita das crianças
em redor. Prefiro calar-me, sentir o vento
que vem do mar, rir um pouco tropeçando
na madeira corroída.
De pouco serve escutar assim as vozes
já tão cansadas, antes a cuidadosa escolha
das tábuas a pôr na casa vazia. Depois
falaste-me de um eco, de um barco inclinando-se,
da casa que não tens.
Esgota-se o que mais falta. Que vamos
dizer? Está bem amo-te. E ao fogo
acabando na cinza, à manhã que não existe.
Helder Moura Pereira
domingo, maio 18, 2008
Quidam - Deixem o sonho entrar...
Quidam, a nameless passerby, a solitary figure lingering on a street corner, a person rushing past, a person who lives lost amidst the crowd in an all-too-anonymous society.
Will I ever have the courage of my indignation?
I would have wanted not to die. I would have wanted never to grow up.
I would have wanted to rend my soul.
I would have wanted to unearth all buried grief.
My wish is that you be loved madly.
I would have loved to scratch the slick surfaces of our good intentions with a coarse voice.
Do programa oficial de Quidam - Cirque du Soleil. Não percam o sonho sob o Grand Chapiteau.
quinta-feira, maio 15, 2008
Agradecimentos

Deixo esta flor para agradecer os mimos que me têm sido dados. À Gi que atribuiu a este blogue o selo Arte y Amistad, o meu reconhecimento não só pela lembrança mas pela beleza que espalha no seu espaço.

À Nuvem que atribuiu ao Na dualidade da cor o selo "Este blog faz a diferença", agradeço do coração a lembrança e a amizade.

Deixo estes prémios para todos os que aqui passam e me têm brindado com a sua presença e amizade. A Mateso e a CNS fizeram-me um desafio ao qual respondo, lá no outro lado.
domingo, maio 11, 2008
Veredas

e da sede da terra lembro pó,
as ervas secas
que levantam os meus passos.
que se cruzam,
quando o Sol bate meio-dia.
só o vento
vem fazer-me companhia,
e que, na longa secura da jornada,
um fio de água
me desperta a alegria.
quase nada...
Manuel Filipe
terça-feira, maio 06, 2008
Pretextos para fugir do real

De sonho e assalto
Subindo ao teu corpo real
Recordo-te
E és a mesma
Ternura quase impossível
De suportar
Por isso fecho os olhos
(O amor faz-me recuperar incessantemente o poder da
provocação. É assim que te faço arder triunfalmente
onde e quando quero. Basta-me fechar os olhos)
Por isso fecho os olhos
E convido a noite para a minha cama
Convido-a a tornar-se tocante
Familiar concreta
Como um corpo decifrado de mulher
E sob a forma desejada
A noite deita-se comigo
E é a tua ausência
Nua nos meus braços
Experimento um grito
Contra o teu silêncio
Experimento um silêncio
Entro e saio
De mãos pálidas nos bolsos
sexta-feira, maio 02, 2008
Cavalo branco

riscado no verde
cruza sombras num galope
no fremir de asa branca
crepita o bosque fremente
desse fogo que não arde
no restolho esvoaçante
corre
corcel libertado
cruza o manto de verdura
corre livre
enfim liberto
e ao vento o peito aberto
traz ao bosque outra frescura
corre
mítico unicórnio
e que ao som do teu tropel
floresça este vergel
brotem fontes de água pura
alado cavalo branco
trazes asas de luar
e dourar de cada estrela
nesse louco cavalgar.
O livro mais recente de Jorge Castro, Poemas de Menagem, inclui poemas dedicados:
"a um poeta
a um pintor
a um amigo
a alguém que cruzou os céus comigo
(...) "
Teve a simpatia e a amizade de me dedicar este poema. Obrigada, Jorge!
domingo, abril 20, 2008
recaída

à mais efémera alegria
sobrevirá já que o persigo
o caos talvez nas manhãs frias
do outono inexistente e azul
ou nas notas falsas de um blues
nordestinado ao som da lua
cheia. mentiras de poeta.
perdida há muito em meio à bruma
desaprendi de ver. de crer.
de chorar? não. e de morrer?
Márcia Maia
[Lá, no outro lado, está o meu post do 25 de Abril e a despedida até Maio.]
terça-feira, abril 15, 2008
Dentro da árvore

em claro e sonâmbulo vagar
mais baixo do que o dia com suas lâmpadas de espuma
em abóbadas de sombra entre o verde e a cinza.
e a respiração da ausência. O destino
era próximo da mesa da folhagem, a sede
calma. E o sentido era um sonho
que se encarnava num flanco aberto.
Porque no fundo escuro amávamos a altura verde
e recebíamos a frescura de uns dedos ignorados.
quinta-feira, abril 10, 2008
O lugar da casa

deserto; que nem casa fosse;
só um lugar
onde o lume foi aceso, e à sua roda
se sentou a alegria; e aqueceu
as mãos; e partiu porque tinha
um destino; coisa simples
e pouca, mas destino:
crescer como árvore, resistir
ao vento, ao rigor da invernia,
e certa manhã sentir os passos
de abril
ou, quem sabe?, a floração
dos ramos, que pareciam
secos, e de novo estremecem
com o repentino canto da cotovia.
segunda-feira, abril 07, 2008
Aprender com as palavras a substância mais nocturna

Aprender com as palavras a substância mais nocturna
é o mesmo que povoar o deserto
com a própria substância do deserto
Há que voltar atrás e viver a sombra
enquanto a palavra não existe
ou enquanto ela é um poço ou um coágulo do tempo
ou um cântaro voltado para a própria sede
talvez então no opaco encontremos a vértebra inicial
para que possamos coincidir com um gesto do universo
e ser a culminação da densidade
Só assim as palavras serão o fruto da sombra
e já não do espelho ou de torres de fumo
e como antenas de fogo nas gretas do olvido
serão inicialmente matéria fiel à matéria
António Ramos Rosa
quarta-feira, abril 02, 2008
estação
quinta-feira, março 27, 2008
Aos meus amigos

se ouve o Tejo todo,
e que as pessoas transportam em
si aquela imensidade vasta,
como quem é feito de História
e não sabe porquê
volta ao lugar onde nasceu, e
que os amigos que se perdem são
como o areal à volta da minha casa:
sempre ausente das águas em
combustão
com aquelas mesmas pessoas,
com aqueles mesmos rostos,
por dentro da História
e com o Tejo debaixo dos braços
domingo, março 23, 2008
Praia
terça-feira, março 18, 2008
Poema no domingo de Páscoa

[ Deixo a amarga ironia de António Gedeão. Volto para a semana. Boa Páscoa a quem passa! ]
sexta-feira, março 14, 2008
um dia a manhã limpa perturba

o brilho molhado da boca - alastra
cicatrizando a fonte maligna do sangue
o tronco da árvore reverdece e
o mistério do voo dos pássaros sobe
à raiz viva do tempo - húmus
de lume vibrando
árvore volátil nascida do fundo da água
intensa - de novo
a respiração
segunda-feira, março 10, 2008
Da alma dos gatos

que atravessa penumbras do meu espaço
através do olhar da minha gata
- que não é minha
pois só ela se possui –
(…)
deve ser bom ser-se gato
olhar e ver através de um mutável olhar todo verde
a ironia ou o desencanto a escoarem-se
pela ponta da cauda
sem permanecerem viciosas por baixo da pelagem
ronronar sempre que nos apetecer
e
ainda assim
permanecer sempre gato
inexorável e intransigentemente gato.
quarta-feira, março 05, 2008
Reflexos

Olho-te pelo reflexo
Do vidro
E o coração da noite
E o meu desejo de ti
São lágrimas por dentro,
Tão doídas e fundas
Que se não fosse:
o tempo de viver;
e a gente em social desencontrado;
e se tivesse a força;
e a janela ao meu lado
fosse alta e oportuna,
invadia de amor o teu reflexo
e em estilhaços de vidro
mergulhava em ti.
Ana Luísa Amaral
Lá, no outro lado, é Dia Internacional da Mulher.
sábado, março 01, 2008
Rosas frescas
terça-feira, fevereiro 26, 2008
Águas

Por vezes invoco águas que não são minhas,
mas delas não beberei, mesmo no pó.
Apenas o seu rumor,
que é a íntima voz duma eterna deriva,
ou a solidão das margens, erguidas ao alto,
me mata a sede.
São ardor discreto de sol nos seixos,
tremor de freixos,
esplendor secreto.
Manuel Filipe
Porque por vezes é demasiada a sede. E a urgência de frescura escorrendo nas mãos.
Actualização.
sexta-feira, fevereiro 22, 2008
Aguarela
terça-feira, fevereiro 19, 2008
Música, músicas...
A onda das cadeias está a passar (outra vez) pelos blogues. Esta é sobre um tema interessante: música. Mais precisamente "seis músicas que na minha juventude me tenham feito abanar o capacete". Eu gosto de música, por isso agradeço à Gi e à Mateso o desafio. Sempre gostei de "abanar o capacete" mas prefiro falar de músicos que, para mim, são referências eternas. E vão ser mais que seis...
Então vamos lá:
- Os portugueses:
José Afonso
Sérgio Godinho
Xutos e Pontapés
- Os brasileiros:
Chico Buarque
Maria Bethânia
Caetano Veloso
Elis Regina, a eterna
- Os de todo o mundo:
Simon e Garfunkel
Queen
Pink Floyd
Carlos Santana
Miles Davis
Jacques Brel, o meu ídolo maior.
E, deste último, deixo , para todos os que por aqui passam, a sua mais emblemática canção.
sexta-feira, fevereiro 15, 2008
Auto-retrato

Metade frágil, metade prepotente.
Metade competente, metade insegura.
Metade segura, metade hesitante.
Metade divertida, metade melancólica.
Metade sol, metade lua.
Metade verso, metade reverso.
Metade do rosto. Metade da alma.
A outra metade perde-se no labirinto de mim própria, nos esconderijos que cavo dentro de mim, como grutas concêntricas nas quais ninguém penetra. Nem eu.
"A outra metade",Setembro 2006
Sabes que não sou bem eu
perdida no nevoeiro.
Sou alguém que em si se dobra
desdobra
em camadas
pedaços do corpo inteiro.
Não sou eu
num todo exacto
quem hesita no caminho
como se em labirinto
fosse ele transformado.
É alguém a mim ligado
sem fio
nem arame de equilíbrio.
Talvez alguém desterrado
do seu país sentimento
ou só alguém deslocado
naquele dia
naquele momento.
Volto, sim
invento o sol
que me aquece os sentidos
e nos reflexos de mim
colo pedaços perdidos.
"País sentimento", Janeiro 2007
[A Ana Sofia desafiou-me para qualquer coisa como resumir a minha vida. A minha vida é algo muito desinteressante para contar aqui. Mas podem ficar com duas coisas que escrevi sobre mim... E não passo esta "maldade" :-) a ninguém. Mas podem levar a ideia, se quiserem.]
segunda-feira, fevereiro 11, 2008
Não tenhas medo

Não tenhas medo do amor. Pousa a tua mão
devagar sobre o peito da terra e sente respirar
no seu seio os nomes das coisas que ali estão a
crescer: o linho e genciana; as ervilhas-de-cheiro
e as campainhas azuis; a menta perfumada para
as infusões do verão e a teia de raízes de um
pequeno loureiro que se organiza como uma rede
de veias na confusão de um corpo. A vida nunca
foi só Inverno, nunca foi só bruma e desamparo.
Se bem que chova ainda, não te importes: pousa a
tua mão devagar sobre o teu peito e ouve o clamor
da tempestade que faz ruir os muros: explode no
teu coração um amor-perfeito, será doce o seu
pólen na corola de um beijo, não tenhas medo,
hão-de pedir-to quando chegar a primavera.
Maria do Rosário Pedreira
Eu não tenho medo. Escuto o coração da terra. Tu tens?
domingo, fevereiro 10, 2008
Tenho que agradecer

à Nuvem que deu ao "Na dualidade da cor" o prémio

à A vida e à Ad astra que acham que

à Ana Sofia e ao Sam que dizem que

e, novamente ao Sam que deu ao Na dualidade da cor o prémio da amizade virtual

A todos estes blogs agradeço do coração e peço mil desculpas por não continuar as cadeias. Seria impossível escolher. Todos os que aqui passam são tudo isto e muito mais. Para todos vão estes prémios e o meu obrigada.